Hoje
trago-vos mais um episódio da saga “eu sou a melhor irmã do mundo”, que já não
é novidade para ninguém!
Desta vez não fui levada a Barcelona, nem a um concerto de uma pop girlie, mas sim a um jogo de futebol feminino.
Começo
já por avisar que referi acima e no título que se trata da final feminina e não
irei referi-lo mais. Acho que é algo bastante desnecessário estar sempre a
referir géneros quando não o fazemos no futebol masculino. Desta forma, já
foram avisados do que se trata e, daqui em diante, será apenas futebol.
Tudo
começou com a paixão, que já é do vosso conhecimento, que o meu irmão tem por
Barcelona. Assim que se soube que a final da Champions League ia ser em Lisboa,
mais concretamente no Estádio de Alvalade, veio-me logo impingir o jogo (vale a
pena relembrar que nesta altura, obviamente, ainda nem se sabia quem ia jogar).
Mas o rapaz estava com fé (e com razão) de que o Barcelona ia chegar à final e,
por isso, lá concordei.
Em
fevereiro, os bilhetes ficaram à venda. O meu irmão explicou-me como ia
funcionar a venda: candidatamo-nos a certos bilhetes e depois há um sorteio.
Ele candidatou-se a lugares que custavam 20€ e, mais tarde, soubemos que
conseguimos os bilhetes. Se há coisa que não esperava era ver uma final da
Champions por 20€.
Continuei
sem ligar nenhuma ao que ia acontecendo na competição, o meu irmão foi-me
mantendo a par dos acontecimentos importantes (como quem diz, ele informava-me
sempre que o Barcelona ganhava um jogo).
Após
o resultado das meias-finais, soubemos que o Barcelona vinha oficialmente à
final e que iria jogar com o Arsenal.
Quando
finalmente chegou o tão esperado dia, apesar de estar de rastos devido ao fim
do semestre escolar, dei o meu melhor para me divertir e aproveitar a
oportunidade. Vesti-me a rigor com merch que o meu irmão me emprestou
(sim, ele é doido ao ponto de ter merch para ele e para emprestar) para
garantir que me ia integrar.
Fomos
mais cedo para o estádio, ainda que o jogo fosse somente às cinco da tarde,
porque o meu irmão queria ver os autocarros a chegarem. Esperámos algum tempo
ao sol junto dos adeptos do Barcelona, que estavam bastante animados. Confesso
que pensava que os autocarros iam ser mais personalizados, mais evidentes, mas
eram bastante simples e podiam muito bem ter passado despercebidos. O da equipa
do Arsenal chegou primeiro e foi bastante vaiado pelos adeptos. Já o do
Barcelona foi recebido com gritos de euforia e com cânticos.
Ao
dirigirmo-nos, finalmente, para o interior do estádio, apercebi-me de que iam
bastantes mulheres assistir ao jogo. Fiquei bastante contente com este aspeto,
ver mulheres a apoiar mulheres é sempre algo incrível (ainda para mais quando
vieram do outro lado da Península Ibérica).
Os
nossos lugares eram incríveis, especialmente tendo em conta que custaram os
míseros 20€. Eram super perto do relvado e na fila atrás dos lugares reservados
a repórteres.
Antes
de o jogo começar, houve toda a habitual cerimónia de abertura com os emblemas
das equipas, o símbolo da UEFA, toda uma coreografia preparada para aquele
momento.
E
agora passo a palavra ao especialista do assunto, o meu irmão, Martim, que vos
contará um bocadinho sobre o jogo em si!
Martim:
Confesso
que, já no estádio, fiquei um pouco desiludido quando vi o onze inicial do
Barcelona. Não estava à espera de que a Claudia Pina fosse titular, uma vez
que, apesar de ser a melhor marcadora da competição, ela costuma jogar melhor a
sair do banco, para substituir a Salma Paraluello. Do lado do Arsenal fiquei
contente por se ter confirmado o que já era expectável, a titularidade da
Mariona, antiga jogadora do Barça, três vezes vencedora da Liga dos Campeões.
Quando
o jogo começou, o Barcelona mostrou, desde cedo, que queria mandar na partida,
implementando, desde logo, o seu estilo tiki-taka, característico do clube já
desde os tempos de Cruyff como treinador. Apesar da entrada mais forte da
equipa da catalunha, uma série de passes falhados no decorrer do início do jogo
levaram a que o Arsenal marcasse o primeiro golo da partida, aos 23 minutos,
através de um autogolo da defesa espanhola Irene Paredes. Felizmente, devido à
posição irregular de uma jogadora da equipa londrina no início da jogada, o
golo foi anulado com a intervenção do vídeo-árbitro (VAR) levando os adeptos
espanhóis do desespero à festa. No resto da primeira parte há que destacar uma
boa defesa da guarda-redes do Barcelona, um remate fora de área do Arsenal, e
algumas oportunidades de golo desperdiçadas pelo Barcelona.
O
Barcelona voltou com mais intensidade na segunda parte, à procura de abrir o
marcador de forma a assegurar a terceira Liga dos Campeões sucessivas. As
londrinas adotaram uma postura mais defensiva, procurando sempre o momento
certo para tentarem sair a jogar no contra-ataque. Como é bem sabido no
futebol, quem não marca sofre, e foi isso mesmo que aconteceu. Aos 74 minutos,
após alguma atrapalhação da defesa do Barcelona, a recém-entrada Blackstenius
aproveitou uma chance isolada para levar a equipa inglesa à loucura. A equipa
do Barcelona tentou reagir, mantendo a tendência de controlar a partida, no
entanto, o desperdício de oportunidades, os passes falhados ao longo do jogo, o
nervosismo notável nas jogadoras após o primeiro golo do Arsenal e a perda de
tempo por parte das jogadoras do Arsenal, contribuíram para que a equipa catalã
não conseguisse revalidar o título. De notar que antes deste jogo, era preciso
recuar mais de seis meses para encontrar uma partida em que o Barcelona não
conseguisse marcar um único golo durante os 90 minutos.
Para
ser sincero, esperava um jogo mais animado, com mais golos e claro, com a
vitória do Barcelona na competição. No entanto, nem sempre tudo corre como o
esperado no futebol, pelo que me resta felicitar o Arsenal e as suas jogadoras
pela garra que mostraram em vencer o jogo e levar o troféu para a capital
inglesa.
De volta à programação habitual!
Depois
deste resumo digno de um comentador de futebol profissional, resta-me contar o que
aconteceu após o jogo terminar.
Os
festejos tiveram início e começaram a tocar as típicas músicas celebratórias.
Todas as jogadoras, de ambas as equipas, receberam a sua medalha e a taça foi
entregue à equipa vencedora.
Eu
e o meu irmão ficámos a ver os festejos, literalmente, até ao último segundo.
Uma situação que me deixou bastante chateada e desconfortável foi ouvir um dos
seguranças, homem, a comentar com os colegas, alguns dos quais mulheres, que
esperava ver alguns festejos, algumas mulheres a despir as camisolas (como
acontece os homens fazerem no futebol masculino). Acho que, infelizmente, é
mais um daqueles comentários à qual não conseguimos escapar.
Um
aspeto que me deixa bastante feliz, é saber que a equipa feminina do Arsenal já
conseguiu conquistar, duas vezes, o que a equipa masculina nunca conseguiu:
ganhar uma Champions League. Não estava a apoiar esta equipa, mas o meu lado
feminista ficou muito contente por elas!
Apesar
de tudo, foi uma experiência da qual gostei bastante. Às vezes, esqueço-me de
que já gostei bastante de futebol e tenho uma certa saudade de apoiar, à séria,
uma equipa. O Barcelona é uma das equipas mais inclusiva em todos os sentidos
e, por esse motivo, fico bastante contente em ver que é a equipa do coração do
meu irmão e, quem sabe, não se torne na minha também. Para ser honesta, algumas
jogadoras já me captaram a atenção depois de me aparecerem tantas vezes no
TikTok!
Quem sabe o que me espera durante a próxima época!
Autoria da publicação: Mariana
Fonte das imagens/fotografias: Mariana
Revisão: Rita Silva e Mariana Chorão
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